“Não há mais tempo para desenvolvimento sustentável”, avaliam pesquisadores


“Já passou o tempo do desenvolvimento sustentável. Agora é tempo de fazer uma retirada sustentável, ou seja, temos que retirar, gradativamente, por exemplo, o número de automóveis das ruas. Tudo o que foi colocado em excesso e hoje contribui para a destruição do meio ambiente precisa sair de cena. Esse é um assunto muito polêmico, mas as autoridades precisam parar e pensar em tudo o que está acontecendo. O mundo tem que mudar para melhor”.

As palavras acima são do pesquisador em meteorologia pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia, Prakki Satyamurty. O pesquisador defende um caminho diferente daquele de trabalho pelo desenvolvimento sustentável a fim de barrar as mudanças climáticas.

Satyamurty afirma que não há mais tempo para seguir o caminho do desenvolvimento sustentável. Seu conselho é de reverter esse quadro. O que vale agora, segundo ele, é o conceito de “Retirada Sustentável”, ou seja: “diminuir drasticamente o consumo de recursos naturais, bem como aliar isso ao controle da natalidade que leve a um crescimento menos acelerado do número da população mundial”.

O pesquisador indiano também defende a criação do mercado de crédito de carbono. Ele explica que deveria existir o crédito de população. Segundo ele, a missão das autoridades é o reflorestamento. “Todo país que estivesse crescendo demais deveria pagar por isso. Seria um incentivo à redução das populações e um benefício para o meio ambiente como um todo porque o planeta não agüenta mais essa situação.” E completa: “Com o aumento da população mundial, a diminuição das áreas de floresta e de espécies animais é inevitável. Mais áreas de lavoura, pastos e gado. Tudo isso provocou aumento de gás carbônico, gás metano e aumento substancial da temperatura na Terra”.

Ponderações
Sobre a retirada sustentável, o chefe da divisão de Meteorologia do Centro Técnico Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), Ricardo Delarosa, pondera que não existe maneira de desenvolver sem degradar de alguma forma. Para ele, a redução da população seria uma das alternativas existentes.

Ele destaca também que é incontestável que o desenvolvimento e o progresso geram perturbações e degradações nos sistemas naturais. Contudo, pondera que o grande problema das nações não é a falta de alimentos, mas a distribuição imperfeita desses recursos alimentares.

“Entendo que o que está acontecendo é uma distribuição desigual das riquezas e recursos. A população cresceu muito, mas a produção de alimentos cresceu também”, disse.

“Eu entendo que o desenvolvimento sustentável é uma contradição. Não vejo como desenvolver e ter sustentabilidade, ao mesmo tempo; pelo menos não do ponto de vista da conservação dos sistemas naturais como a gente os conhece. Temos que trabalhar para minimizar esse custo que é um ônus imposto à natureza.
Acredito que é preciso haver uma conscientização para distribuir melhor os recursos e as riquezas. Isso seria mais efetivo do ponto de vista de preservar mais o ambiente que a gente vive”, concluiu.

Fúlvio Costa, com informações do INPE

1 Response to "“Não há mais tempo para desenvolvimento sustentável”, avaliam pesquisadores"

  1. Carlos Says:

    Olá, Fúlvio!
    Eu estava circulando aqui pela internet e gostei de encontrar o seu blog.
    Por um acaso eu estava lendo o Jornal do Senado de Nr 2.984/210 - 23 a 29 de março deste ano, onde consta a seguinte matéria:
    "O dia 7 de abril poderá ser o Dia Nacional do Jornalista, de acordo com o projeto (PLC 169/08) aprovado pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE)."
    Já coloquei um link do Aspecto Ecológico no meu blog NatPaz.
    Abs.

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