Aves de rapina no ar nos insinuam a olhar e a contemplar a liberdade de quem goza da vida em abundância, eis uma questão a se pensar. Pensar em quê? Em voar? Não! Pensar que ao olhar a ave voar flamejam para os nossos olhos o augúrio de quem está a cantar. Cantar a vida, o tempo, e o infinito.
Ainda no ar, olhos vislumbram nuvens. Mas o que são as nuvens senão pedaços de algodão sobre nossas cabeças? São os sinais mais fiéis de que ainda há água a se preservar. A união desses algodões naturais nos convida a observar o espetáculo que está a acontecer. Quando brancas, formam desenhos e amenizam o calorão, ou o assanham. Quando negras, nos dizem: abram os braços, e deixem-se molhar pela fonte da vida.
Outro recado é nos dado, basta a atenção se voltar para os efeitos naturais. A predação, por exemplo, é sem dúvida, um dos aspectos ecológicos mais belos da vida. Não tão belo é apreciá-lo quando animais lutam entre si pela sobrevivência, pelo saciar a fome. Parece ser horrível pensar que animais comem-se entre si, mas trata-se de uma ação para preservar o equilíbrio ecológico. Simplesmente natural.
Não-natural é ver que homens destroem os animais, não pela sobrevivência, mas pelo simples prazer de matar. É natural? Não. Mas é o gesto mais claro de que ele aos poucos destrói a si mesmo. Este si: é remetido a alguém que pode estar no presente e no futuro – ainda por vir. Se a natureza pede socorro, isso explica que este socorro é um grito daqueles que ainda estão por viver neste planeta. Conservemos, pois, as condições de nosso único habitat – nossa única casa: Gaia, a nossa Galha.
Fúlvio Costa
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